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Deus protege os pobres, bêbados e os loucos

Segundo se lê no Jornal de Negócios, "O Governo fechou 2016 com um défice de 2% do PIB, uma diferença de apenas 0,2% do PIB ou qualquer coisa como 360 milhões de euros face ao objectivo inicial de 2,2% inscrito no Orçamento do Estado. O desvio diminuto esconde no entanto erros de previsão nas receitas e despesas públicas muito significativos, superiores a dois mil milhões de euros, de um lado e de outro da equação orçamental de Mário Centeno, nota o Banco de Portugal no Boletim Económico de Maio de 2017, onde faz um balanço da evolução da economia em 2016". 

Simplificando a coisa, a conclusão é: tira daqui, põe ali, tapa aqui, destapa ali... mais taxa, taxinha, plano A, B e C, corta daqui, protela dali, menos ali...
Olha, que se lixe, bora lá tudo ao molho e fé em Deus que logo se verá! O BCE e o turismo ajudam a puxar isto para cima.

E, no final, tudo bateu certo... e ainda bem! Fico satisfeito pelo resultado (menor défice nos últimos 40 anos), mesmo sabendo como foi alcançado e esperando honestamente que não se repita esta fórmula.

Gostava é que a demagogia não continuasse a alastrar pela nossa sociedade, que parece não querer saber o "como" e muito menos o "porquê", porque o que conta cá para o "maralhal" é o resultado final e não a forma de o alcançar.
Cai é por terra o mito que para ser Ministro das Finanças deve saber-se muito de finanças ou de economia. A partir de agora é uma faculdade opcional: ou se sabe de finanças ou se tem muita sorte...

  • Sorte do nosso principal mercado exportador (a Espanha), ter começado a crescer precisamente quando se começava a sentir a pressão da queda dos mercados de Angola e do Brasil;
  • Sorte do BCE, ao ver sinais de retoma na Europa, ter mantido o pé no acelerador da compra de dívida, mantendo as taxas de juros em níveis negativos;
  • Sorte dos preços no petróleo reequilibrarem nos 50-60 dólares por barril, trazendo centenas de milhões de euros a mais de impostos;
  • Sorte de ter "estancado" os fundos comunitários em Portugal destinados à economia e à sociedade, mantendo apenas aqueles que alimentam o próprio estado e isso não ter levado a uma estagnação do mercado;
  • Sorte de ter cortado a fundo em todos os investimentos públicos, incluindo os de manutenção das infraestruturas e ainda não ter ocorrido nenhum acidente grave;
  • Sorte, sorte, sorte... podiamos estar aqui todo o dia.
Bem, pelo menos um dos fatores responsáveis pelo nosso sucesso não foi sorte: o crescimento continuado do Turismo, que desde 2010 cresce a 2 dígitos, não é uma questão de sorte: tem dado muito trabalho. A sorte aqui (ou melhor, o azar dos outros) tem sido a onda de atentados que afastou os turistas de outros destinos mediterrânicos e os direccionou para cá, onde, felizmente, tudo se mantém calmo.

Mas afinal, qual é o meu problema: as geringonçadas orçamentais resultaram ou não? 

Sim, mas será "meio para a estupidez" apostar novamente na sorte. 
Atravessar a autoestrada a correr também pode resultar, mas é estupidez, ou não? (Esta tem direitos de autor, lol).


Como diz o ditado, Deus protege os pobres (que o governo do Sócrates criou e governo anterior tratou de garantir que assim nos mantivessemos),  os bêbados  (pelo menos para um parolo também preenchemos este quesito) e os loucos.
Ora vocês não sei, mas cada vez que penso nestas coisas fico "meio c'us azeites", por isso devo estar a caminhar para a loucura. 
Espero é que seja seletiva, como parece ser a amnésia de alguns banqueiros.


C'moquera...

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